Rafael Miguel da Silva, de 20 anos, morreu durante punção realizada no Hospital das Clínicas (HC), em Ribeirão Preto, SP. Laudo do IML aponta morte acidental.
A família de Rafael Miguel da Silva, morto após um suposto erro cometido durante uma punção feita no Hospital das Clínicas (HC) para diagnóstico de leucemia, vai acionar o Ministério Público (MP) e o Conselho Regional de Medicina (CRM) em Ribeirão Preto (SP) para investigação do caso. Segundo o advogado Rosival Mendes Pereira, os pais do jovem de 20 anos têm convicção de que houve uma falha no procedimento.
“Isso deixou a gente sofrendo muito. A gente não estava esperando essa morte. Estamos muito abalados. A gente tinha esperança de que logo ele pudesse estar em casa”, diz o pedreiro Miguel Severino da Silva, pai do rapaz.
O laudo emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) aponta que a morte foi acidental, causada por uma lesão de vaso na parede ventricular direita durante a punção.
Em nota, o Hospital das Clínicas informou que abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias da morte. O 6º Distrito Policial investiga o caso.
Punção para diagnosticar câncer
Segundo a mãe dele, a auxiliar de limpeza Tereza Januária da Silva, o filho buscou atendimento médico pela primeira vez na unidade de saúde do bairro Vila Virgínia, porque se queixava de tosse e febre. Ele foi encaminhado ao Hospital Santa Lydia, onde ficou internado por cinco dias para a realização de exames.
Em seguida, foi transferido à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), onde surgiu a suspeita do diagnóstico de leucemia aguda. No dia 21 de junho, o jovem foi submetido a uma punção na medula óssea, sem sucesso.
Por causa da necessidade de uma análise específica para identificação do tipo da doença e indicação de tratamento, Rafael foi encaminhado um dia depois ao Hospital das Clínicas, e passou por novo exame.
Tereza acompanhou o filho no hospital e afirma que o procedimento foi interrompido a pedido dele, que se queixa de mal estar e muita dor.
A mãe lembra que a situação se agravou e evoluiu para uma parada cardiorrespiratória. Consta no boletim de ocorrência que os médicos tentaram reanimar o paciente por 40 minutos, mas que ele não resistiu.
Morte acidental
O corpo de Rafael foi submetido à necropsia e o laudo apontou que a morte foi acidental, em decorrência de tamponamento cardíaco mais hemopericárdio, que é quando há acúmulo de sangue nas membranas que envolvem o coração. O problema, segundo o IML, foi causado pela lesão durante a punção.
Segundo o advogado Rosival Mendes Pereira, a família tem convicção de que o jovem morreu em decorrência de um erro da equipe responsável pelo exame. “Na verdade, eles não aceitam as informações do HC. Todos sabemos que o HC campus é um hospital renomado, mas é realmente estranho que uma pessoa que estava ali sã e sadia, conversando com a mãe, em poucos minutos estava morta”, diz.
Profissional responsalibilizado
De acordo com Pereira, os documentos reunidos pela família serão apresentados a um perito para análise. O caso também será levado ao CRM e ao Ministério Público. “Se ficar provado que houve um erro, o profissional será responsabilizado.”
Abalado, o pai de Rafael diz que a investigação vai evitar que outras famílias passem pelo mesmo sofrimento. “A vida dele ninguém mais traz de volta, a gente não tem o que fazer. Mas, para que não aconteça com outros, a gente tem que levar em frente.”
Fonte: G1 Ribeirão Preto