Sexta-feira, 15 de março de 2024
Fala Matão

Canivete apreendido em escola de Matão levanta debate sobre as causas destes comportamentos

O que está por trás destes comportamentos? Leitura importante para pais, cuidadores e educadores que querem uma sociedade mais equilibrada emocionalmente. 

  • Redação
  • 12:36
  • Quinta-feira, 14 de março de 2024
Fala Matão - Redação

Na manhã de quarta-feira (13), um adolescente, de 12 anos, foi apreendido pela Polícia Militar após mostrar um canivete para outros alunos em uma escola municipal de Matão, localizada na Avenida Daniel Antônio Brito, no bairro Nova Matão.

Segundo informações do boletim de ocorrência da Polícia Militar, o adolescente encontrou o canivete no Ginásio de Esportes na última sexta-feira (11). Na manha desta quarta-feira (13), ele mostrou o objeto para outros alunos na escola, a fim de "mostrar valentia".

A diretora da escola foi informada do ocorrido e chamou o aluno para conversar. Inicialmente, o adolescente negou ter o canivete, mas após insistência, acabou confessando e levando a diretora até um local da escola, onde o objeto estava escondido.

A mãe do adolescente foi chamada à escola e, em sua presença, o adolescente admitiu ter encontrado o canivete e mostrado aos colegas.

A Polícia Militar foi acionada e, com a autorização da mãe, os policiais obtiveram acesso ao celular do adolescente. Em um aplicativo de mensagens, foi encontrada uma conversa com outro adolescente, na qual os dois falavam sobre "matar aula" e "pegar facas e as utilizar nas pessoas". Em um momento da conversa, o adolescente escreveu: "vou te dar uma facada".

Os pais da outra adolescente, de 13 anos, também foram chamados à escola e informados sobre os fatos.

Todas as partes foram conduzidas à Delegacia de Polícia de Matão, onde o delegado elaborou um boletim de ocorrência por apreensão de objeto. O canivete foi apreendido e os adolescentes foram liberados para seus pais.

O que está por trás destes comportamentos?

O psicanalista e educador e orientador parental NeuroConsciente, Alex Gasoni, também jornalista neste portal de notícias, ressalta a importância da comunicação entre pais e filhos, e do diálogo como ferramenta para prevenir situações de violência. ''Por trás deste comportamento, tem uma causa. Os pais devem se perguntar: o que estes comportamentos estão me dizendo sobre meu filho?''

Ainda segundo o especialista, o comportamento do adolescente em questão, de mostrar um canivete para outros alunos na escola, pode ser interpretado de diversas maneiras, mas, algumas necessidades básicas podem estar oculto a essa atitude:

Necessidade de atenção e reconhecimento:

Adolescentes em desenvolvimento buscam constantemente validação e reconhecimento de seus pares e adultos. Mostrar um objeto perigoso como um canivete pode ser uma forma distorcida de chamar atenção e se destacar no grupo. A busca por reconhecimento pode estar relacionada à baixa autoestima ou à necessidade de se sentir "poderoso" em um ambiente desafiador como a escola.

Necessidade de pertencimento e aceitação:

Mostrar o canivete pode ser uma tentativa de se integrar a um grupo específico ou de se sentir parte de algo maior.
A necessidade de pertencimento é crucial para o desenvolvimento social do adolescente, e a busca por aceitação pode levá-lo a tomar decisões impulsivas ou arriscadas.

Necessidade de se sentir seguro e protegido:

Em alguns casos, o comportamento pode ser interpretado como um mecanismo de defesa. O adolescente pode se sentir ameaçado ou inseguro em seu ambiente escolar e o canivete se torna um símbolo de proteção e poder.
A sensação de insegurança pode estar relacionada a diversos fatores, como bullying, problemas familiares ou dificuldades de relacionamento com os colegas.

Dificuldades de comunicação e manejo de emoções:

Adolescentes podem ter dificuldade em expressar seus sentimentos e frustrações de forma saudável. Mostrar o canivete pode ser uma maneira de externalizar raiva, angústia ou outras emoções negativas. A falta de habilidades de comunicação assertiva e o desenvolvimento incompleto do córtex pré-frontal, responsável pelo controle impulsivo, podem contribuir para comportamentos inadequados como este. Essa região do cérebro termina de se desenvolver por volta dos 25 anos.

Cada caso é único e deve ser analisado de forma individualizada, levando em consideração o contexto social, familiar e histórico do adolescente. É fundamental buscar ajuda profissional para compreender as causas do comportamento e implementar medidas de apoio e orientação adequadas.

Recomendações:

• Diálogo aberto e honesto com o adolescente sobre seus sentimentos, necessidades e comportamentos.
• Orientação profissional por meio de um educador parental, psicólogo, psicanalista, pedagogo ou psicopedagogo para auxiliar na identificação das causas do comportamento e no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. Dependendo da situação, estes porfissionais poderão encaminhar para outros profissionais como, psiquiatras ou neuropsicólogos. 
• Participação da família em programas de educação parental para fortalecer os laços familiares e promover uma comunicação mais eficaz.
• Implementação de programas de prevenção à violência nas escolas, com foco na resolução de conflitos de forma pacífica e no desenvolvimento da empatia entre os alunos.

Através da compreensão das necessidades do adolescente e da implementação de medidas de apoio e orientação adequadas, é possível prevenir futuros comportamentos de risco e promover o desenvolvimento saudável e positivo da crinaça e do jovem.

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