Resistência, perseguição e placa falsa não foram suficientes para garantir sequer uma noite na cadeia. As políciais fazem sua parte, mas a lei é branda.
Um rapaz de 18 anos foi detido na manhã desta segunda-feira (2), após fugir da Polícia Militar com uma motocicleta adulterada pelas ruas do bairro Jardim do Bosque. A perseguição terminou com a apreensão do veículo e a liberação do condutor após procedimentos legais.
Durante patrulhamento ostensivo, policiais avistaram uma motocicleta Sundown Max 125, de cor prata e placa GZL-1H57 (MG), transitando de forma suspeita. Ao perceber a aproximação da viatura, o condutor acelerou e iniciou fuga por diversas ruas do bairro, entrando inclusive na Praça Sizenando Silveira Leite, conhecida como Matinha do Bosque.
Na tentativa de escapar, o jovem perdeu o controle da direção em uma curva e caiu com o veículo, mas rapidamente se levantou e continuou a fuga a pé. Após aproximadamente 300 metros de perseguição, ele foi detido próximo ao alambrado de um campo de futebol. Durante a abordagem, ofereceu resistência, sendo necessário o uso de técnicas de imobilização.
Detido, ele foi conduzido ao pronto socorro do Hospital Municipal para exame de corpo de delito e, posteriormente, à delegacia. No local, foi constatado que os sinais identificadores da motocicleta estavam suprimidos. A numeração do motor permanecia intacta, mas a placa artesanal com letras e números falsos caracterizou a adulteração.
De acordo com a Polícia Militar, a motocicleta já havia sido inserida no sistema como veículo de interesse das autoridades desde 31 de maio de 2025, por ter fugido de outra abordagem.
O caso foi registrado na Delegacia de Plantão como adulteração de sinal identificador de veículo, com base no artigo 311 do Código Penal. A motocicleta ficou apreendida, e o moleque foi liberado após o registro da ocorrência.
Quando a lei não acompanha a gravidade dos atos
Mais uma vez, nos deparamos com uma situação que escancara o abismo entre o que se espera da Justiça e o que, de fato, acontece na prática. Um indivíduo foge da Polícia Militar pelas ruas de Matão, oferece resistência à prisão, utiliza uma motocicleta com sinais adulterados, e, no fim, sai em liberdade como se tudo não passasse de um pequeno deslize.
É difícil para o cidadão comum, que cumpre suas obrigações, aceitar que crimes como adulteração de veículo, desobediência e resistência à autoridade não resultem em sequer um dia de prisão. A sensação que fica é a de impunidade: a de que o sistema legal brasileiro, muitas vezes, minimiza a gravidade de condutas que colocam a sociedade em risco real.
Enquanto isso, policiais arriscam a vida em perseguições, o aparato público é mobilizado, e a população continua vulnerável. Até quando vamos aceitar que leis brandas continuem protegendo quem desrespeita as regras e ignora a segurança coletiva?
Está mais do que na hora de repensarmos a legislação penal e tratarmos com mais rigor quem insiste em desafiar o Estado e as instituições. O crime pode até não compensar, mas, em muitos casos, parece não custar absolutamente nada.