Segundo testemunha, piloto que usou o avião na noite anterior do acidente relatou verbalmente problema. Relato não foi formalizado no TLB (technical log book), impedindo que o avião fosse liberado sem a devida manutenção.
Um ex-auxiliar de manutenção da Voepass afirmou que, horas antes da queda do avião que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP), em agosto de 2024, o sistema de degelo da aeronave apresentou falhas — e o problema não foi registrado no diário técnico obrigatório.
Segundo ele, o piloto que usou o avião na noite anterior relatou verbalmente a pane, mas o relato não foi formalizado no TLB (technical log book), impedindo que a manutenção fosse feita.
“Foi alegado que ela tinha apresentado o airframe fault (alerta de falha no degelo) durante o voo. E ela estava desarmando sozinha. Ele acionava [o sistema] e ela desarmava. Coisa que não poderia acontecer”, afirmou a testemunha ao g1.
A aeronave em questão era o ATR 72-500, matrícula PS-VPB. Dados do site Flightradar confirmam que o problema foi relatado no voo 2293, que partiu de Guarulhos à 0h12 e pousou em Ribeirão Preto por volta da 1h da manhã do dia do acidente. O avião passou por manutenção no hangar da empresa, mas a falha não foi investigada por não estar registrada formalmente.
De acordo com o ex-funcionário, havia pressão da direção da empresa para manter os aviões em operação, mesmo com tempo escasso para inspeções.
“Ela chegou por volta de meia-noite e meia, quase uma hora, e 5h30 da manhã ela já tinha que estar lá em cima. […] A própria diretoria exigia isso, queria o avião voando”, disse.
No dia do acidente, o avião seguiu a seguinte rota: saiu de Ribeirão às 5h32, pousou em Guarulhos às 6h35, partiu para Cascavel às 8h20, decolou de volta às 11h56 e caiu em Vinhedo às 13h22.
Na semana passada, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cassou o Certificado de Operador Aéreo da Passaredo Transportes Aéreos, principal empresa do grupo Voepass.
A decisão, sem possibilidade de recurso, foi motivada por “falhas graves e persistentes” nos sistemas de segurança operacional e incluiu multas que somam R$ 570,4 mil.
A cassação ocorre quase um ano após o acidente e após a suspensão temporária das atividades da empresa. O caso segue sob investigação.
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