Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveram um canudo biodegradável que detecta a presença de metanol nas bebidas destiladas como um "teste de gravidez".
Uma pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveu um canudo descartável que consegue detectar se há metanol em bebidas destiladas. O produto pode chegar ao mercado em pouco tempo, com um valor estimado em R$ 2.
O grupo de estudos do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Química da UEPB demorou cerca de dois anos para finalizar a pesquisa que levou ao canudo.
A pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, professora Nadja Oliveira, disse em nota à imprensa que os pesquisadores precisam de recursos para avançar na tecnologia. “Nesse momento, para que a gente consiga fazer com que os dispositivos de baixo custo e a solução cheguem para o Brasil inteiro, a gente precisa de recursos para poder adquirir insumos”, afirmou.
Já o professor e pesquisador Félix Brito, que fez parte do projeto, disse ao UOL que, com a repercussão dos casos de intoxicação por metanol que ocorreram no último mês, a UEPB foi procurada por empresas que querem fabricar o canudo biodegradável de forma em larga escala.
O projeto segue atualmente em processo de depósito de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Enquanto isso, os protótipos dos canudos estão passando por testes na Fundação Parque Tecnológico de Campina Grande, localizada no campus da UEPB.
O dispositivo funciona de maneira semelhante a um teste de gravidez. Os pesquisadores anunciaram que já estão terminando algumas unidades dos canudos para iniciar os ensaios de segurança do consumidor final.
O professor Railson de Oliveira Ramos, que também participou da pesquisa, explicou que esse método é mais acessível, podendo ser utilizado por distribuidoras ou proprietários de bares e restaurantes, que podem receber treinamento e verificar se o lote ou a bebida que eles estão adquirindo contém ou não a presença de metanol.
“Esse canudo atua como uma espécie de coluna cromatográfica, que seria o empacotamento de reagentes em uma mídia. Quando ele entra em contato com a bebida, o fluido sobe por capilaridade, interagindo com os reagentes”, explicou Railson, em nota à imprensa. “Dentro do canudo, com os reagentes protegidos para que ninguém tenha contato com eles, acontece uma mudança de coloração visualizada na parte externa do canudo”.
A proposta foi apresentada ao Ministério da Saúde, e que a pasta está analisando de forma inicial a tecnologia da UEPB, assim como outras que também tem a ideia de detectar o metanol nas bebidas rapidamente.
Sobre a pesquisa
O projeto teve início com o objetivo de verificar possíveis contaminações nas cachaças produzidas na Paraíba. O estudo recebeu financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), que destinou R$ 725 mil, verba suficiente para criar o Laboratório de Tecnologia da Cachaça em Campina Grande.
Atualmente, 10 pesquisadores participam da iniciativa. Entre eles, Félix Brito, que participa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias da UEPB, destaca que a tecnologia já foi testada em 462 amostras de cachaça.
Os estudos começaram em 2023, no Laboratório de Química Analítica e Quimiometria, e neste ano os cientistas publicaram dois artigos na revista Food Chemistry, uma das principais referências internacionais em química e bioquímica de alimentos.
Fonte: InfoMoney
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